quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Vivendo de dança em Salvador



Grupo Jeitus de Dança. Foto: Igor Correia

Entre suor e piruetas bailarinos de Salvador precisam se equilibrar para sobreviverem da arte. Por ser uma profissão que atua na maioria das vezes de forma autônoma, a estabilidade é um fator preocupante no dia a dia de quem dança. Mas, no meio de tantos obstáculos ainda há quem se interesse pelo mercado. Na cidade são oferecidos cursos de formação técnica e de nível superior nas escolas de dança da UFBA e da Fundação Cultural, além dos cursos livres em diversas modalidades encontrados em escolas particulares.

Felipe Silva no espetáculo Voyuer do Movimento. Foto: Reprodução da internet
Os profissionais podem atuar como professores, coreógrafos ou bailarinos de pequenas companhias. Felipe Silva que hoje integra o corpo de baile do Teatro Castro Alves, explica que no começo da carreira tocava e dava aulas de música para complementar a renda. Ele que também é estudante de direito escolheu se profissionalizar em outra área por conta da falta de estímulo. “O mercado da dança é ingrato, não tem um campo muito aberto e não tem emprego para todo mundo, principalmente aqui que a gente gosta da arte e a Bahia não dá esse incentivo”, comenta.

Ele conta que há poucas companhias na cidade que pagam um bom salário, e que muitas não têm patrocínio e nenhum outro tipo de apoio. Para ele, as oportunidades devem ser adquiridas aqui para serem usadas lá fora, porque as únicas opções mais seguras são se tornar professor ou fazer um concurso para alguma vaga na área. Mas, para isso seria necessário uma formação superior e muitos bailarinos não estão dispostos a seguirem o caminho acadêmico. “Por que a faculdade de dança hoje não ensina a técnica e eu achava que para mim não era suficiente fazer uma formação em dança, não ia me levar para fora. Eu não estou a fim de ser professor, eu quero dançar”, complementa Felipe.

Janaína Monteiro. Reprodução da Internet

O caso de Janaina Monteiro não é diferente, a bailarina formada pela Fundação Cultural do Estado encontrou na rede Magic Life uma chance para expandir suas vivências além do país. Há dois anos ela mora na Turquia e só volta a capital baiana em períodos de férias. Ela conta que mesmo com a saudade o que a motiva é o amor pela profissão e a vontade de evoluir. “Infelizmente minha cidade não valoriza meu trabalho e nem disponibiliza oportunidades, quer dizer, existem oportunidades, mas somente os mesmos artistas trabalham nas chances que o sistema diz que oferece”, desabafa.

Em sua opinião, os artistas de Salvador precisam se mostrar mais para que a perspectiva de mercado cresça e haja uma rotatividade entre os profissionais. Quando questionada se pensa em uma evolução para a carreira na dança ela responde. “No Brasil e na minha cidade não consigo ver perspectiva nenhuma, e sim penso em expansão, mas fora do Brasil”, completa.


Marcos Ferreira. Foto: Priscila Vieira

Marcos Ferreira, coreógrafo do grupo Jeitus de Dança, acredita que Salvador tem um mercado de formação muito amplo. “A gente tem os melhores profissionais aqui, a melhor companhia folclórica é aqui, a gente tem uma escola de dança conhecida hoje no mundo inteiro e temos um dos melhores cursos em dança na universidade e ainda temos a possibilidade de entrar sem pagar e fazer uma aula, o que não acontece lá fora, porque é tudo pago. O mercado de formação é muito bom, mas ainda tem a deficiência no mercado de trabalho. Forma-se muita gente para pouco emprego”, acrescenta. 

Para quem pretende ingressar na estrada ele aconselha o máximo de dedicação e esclarece que seria contraditório falar que não dá para viver de dança na cidade já que ele sobrevive disso. Mas que em todo o seu período dedicado ao seu processo de aprendizagem o que ele mais extraiu é que não há tem tempo para brincadeiras e que é com seriedade que esse universo poderá ser ampliado.


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