Bailarinos Lucas Axel e Vinícius Vieira Veiga. Foto: Rodrigo Philipps / Agência RBS |
Quando se pensamos em Ballet Clássico, lembramos da menina delicada com sapatilhas de ponta e saia de tutu. Mas, o que muito esquecem é que homens também fazem parte dessa arte, que na maioria das vezes, é vista como feminina.
A exemplo do personagem do premiado filme inglês, Billy Elliot, garotos brasileiros enfrentam discriminação para chegar ao sucesso como bailarinos. Baseado em fatos reais, o filme mostra a trajetória de um garoto que trocou o destino de operário pelas sapatilhas e sofreu até conseguir a aprovação do pai para entrar numa escola de balé. Essa trajetória se repete em vários lares de garotos brasileiros.
O baiano, Gabriel Freitas, 17 anos, é um bailarino que suou muito até conseguir o apoio da família. Garoto de classe média, no início, chegou a sofrer discriminação na escola. Seus colegas não o chamavam mais para jogar futebol alegando que ele era uma menininha, que deveria ir brincar de boneca. “A minha mãe foi mais fácil de convencer, tive a ajuda da minha irmã que me apoiou desde o começo, através dela que descobri o ballet. Mas meu pai, até hoje é um pouco resistente, não tanto quanto no começo, mas não aceita que eu possa me tornar um bailarino profissional”, declarou.
Nielson Sousa no espetáculo Romeu e Julieta de Giovanni Di Palma para a São Paulo Companhia de Dança. Foto: Michelle Molina |
O bailarino baiano, Nielson Souza, sentiu na pele o preconceito, mas, em contrapartida, teve o apoio total dos pais. “Era inevitável não notar olhares ou brincadeiras de mau gosto, mas nada que me tirasse do prumo. Sempre tive o incentivo dos meus pais, no momento que decidi seguir a dança como profissão, pude contar com o apoio incondicional deles”, comentou.
A carência de homens em escolas de balé clássico no país, ainda tem suporte no preconceito em relação a uma atividade considerada “coisa de mulher”. Enquanto em outros países, as escolas mantêm turmas só de homens, no Brasil, é possível contar nos dedos o número de garotos em uma sala de aula.“O que precisa ser esclarecido é que o ballet clássico, ao contrário do que é pensado, exige bastante força, um desgaste físico e mental, ou seja, uma grande preparação para executar movimentos perfeitos, mas isso, nem sempre é reconhecido”, afirma o professor e bailarino Marcelo Grimal.
Um estudo feito em 2006 por alunos do curso de Educação Física da faculdade UNIGUAÇU, constatou que somente um participante tem apoio total da família para praticar o ballet, enquanto os demais vivenciam a falta de apoio através da indiferença dos pais, ou através de críticas e incentivo para que parem de dançar. Quanto ao preconceito, 100% dos participantes afirmaram que existe e que pode se manifestar de diferentes formas. Relatam que já sofreram algum tipo de preconceito e que isto ainda ocorre, inclusive dentro dos lares de alguns deles.
O que a maioria não sabe, é que foram os homens responsáveis pela criação do Ballet. A modalidade nasceu na corte Europeia por volta de 1400, e somente os homens podiam dançar. Na época, saber dançar era um sinal de riqueza e de boa educação. “O preconceito é algo presente na sociedade, mas há os que admiram e respeitam. A visão das pessoas tem uma relação direta com a educação que elas recebem. Espero que no futuro exista outro olhar para os homens que dançam, com mais respeito e oportunidades”, disse Nielson.
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