Grupo Jeitus de Dança. Foto: Igor Correia |
Entre suor e piruetas bailarinos de Salvador precisam se
equilibrar para sobreviverem da arte. Por ser uma profissão que atua na maioria
das vezes de forma autônoma, a estabilidade é um fator preocupante no dia a dia
de quem dança. Mas, no meio de tantos obstáculos ainda há quem se interesse
pelo mercado. Na cidade são oferecidos cursos de formação técnica e de nível
superior nas escolas de dança da UFBA e da Fundação Cultural, além dos cursos
livres em diversas modalidades encontrados em escolas particulares.
Felipe Silva no espetáculo Voyuer do Movimento. Foto: Reprodução da internet |
Ele conta que há poucas companhias na cidade que pagam um
bom salário, e que muitas não têm patrocínio e nenhum outro tipo de apoio. Para
ele, as oportunidades devem ser adquiridas aqui para serem usadas lá fora,
porque as únicas opções mais seguras são se tornar professor ou fazer um
concurso para alguma vaga na área. Mas, para isso seria necessário uma formação
superior e muitos bailarinos não estão dispostos a seguirem o caminho
acadêmico. “Por que a faculdade de dança hoje não ensina a técnica e eu achava
que para mim não era suficiente fazer uma formação em dança, não ia me levar
para fora. Eu não estou a fim de ser professor, eu quero dançar”, complementa
Felipe.
Janaína Monteiro. Reprodução da Internet |
O caso de Janaina Monteiro não é diferente, a bailarina
formada pela Fundação Cultural do Estado encontrou na rede Magic Life uma
chance para expandir suas vivências além do país. Há dois anos ela mora na
Turquia e só volta a capital baiana em períodos de férias. Ela conta que mesmo
com a saudade o que a motiva é o amor pela profissão e a vontade de evoluir. “Infelizmente
minha cidade não valoriza meu trabalho e nem disponibiliza oportunidades, quer
dizer, existem oportunidades, mas somente os mesmos artistas trabalham nas
chances que o sistema diz que oferece”, desabafa.
Em sua opinião, os artistas de Salvador
precisam se mostrar mais para que a perspectiva de mercado cresça e haja uma
rotatividade entre os profissionais. Quando questionada se pensa em uma
evolução para a carreira na dança ela responde. “No Brasil e na minha cidade
não consigo ver perspectiva nenhuma, e sim penso em expansão, mas fora do
Brasil”, completa.
Marcos Ferreira. Foto: Priscila Vieira |
Marcos Ferreira, coreógrafo do grupo Jeitus de Dança,
acredita que Salvador tem um mercado de formação muito amplo. “A gente tem os
melhores profissionais aqui, a melhor companhia folclórica é aqui, a gente tem
uma escola de dança conhecida hoje no mundo inteiro e temos um dos melhores
cursos em dança na universidade e ainda temos a possibilidade de entrar sem
pagar e fazer uma aula, o que não acontece lá fora, porque é tudo pago. O
mercado de formação é muito bom, mas ainda tem a deficiência no mercado de
trabalho. Forma-se muita gente para pouco emprego”, acrescenta.